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Cap. 282

Na tenda de Chuva Quente, Cedro Vermelho ajuda a mulher a se deitar e se senta ao seu lado.

Ela ainda tem alguns surtos de choro e chegou a socar o peito do nativo por mais de uma vez.

— Por que eu perco tudo o que amo? – pergunta a mulher, sentada de costas para Cedro, que não sabe o que responder.

Mas Chuva não quer respostas, ela precisa apenas poder fazer suas perguntas em voz alta e saber que alguém as está ouvindo, já que os espíritos parecem ignorar seus pedidos e suas preces.

— Quando tive marido, não vieram filhos. Depois, veio um inverno e o marido se foi.

— Sempre que quis alguém, não pude ter. Nas poucas vezes que pude, não durou.

— Por que o Grande Espírito quer que eu viva sempre sozinha e sem ninguém que me ame?

Cedro Vermelho vira a mulher de frente para ele: — Você nunca esteve sozinha. E você sempre teve quem te…

O chefe é interrompido por um grito.

— Vá! – libera Chuva voltando a se deitar de costas para Cedro Vermelho, que se levanta e avisa antes de sair:

— Eu voltarei aqui. Nós ainda não terminamos.

Mal sai da tenda e o cacique se depara com o padre Westwood tendo as roupas arrancadas por um grupo de nativos.

“Outro pelado?”, pondera Cedro enquanto decide se vai até lá resolver a questão do homem branco nu, se vai até a tenda de sua mãe ver como está seu filho e ser ofendido por ela ou se volta para a tenda e termina a conversa com Chuva Quente.

A resposta é óbvia e ele segue rumo à tenda de Sapo Gordo para tomar um Derruba-Urso, afinal, vai pensando o chefe, nada melhor para clarear as ideias do que poder beber com um velho e confiável… médico branco?

Atônito na entrada da tenda, Cedro Vermelho olha para um Dr. William confortavelmente sentado ao lado de Sapo Gordo enquanto fuma um cigarro e segura uma cumbuca com Derruba-Urso.

— Você está bebendo com um branco? – questiona um indignado e enciumado Cedro, em Siksikáí'powahsin.

Sapo Gordo responde com voz já pastosa: — Tudo bem, já fiz coisas piores com brancos. Você sabe, estava junto.

Cedro bufa, resmunga, mas capitula, afinal, não há outro lugar para beber na aldeia: — Tudo bem, faça um para mim também.
 

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